Minha Experiência - O Inevitável

Todos os que leram a minha postagem anterior estão a par de que eu recebi um aviso sobre a eminente morte de um tio muito querido.



Recebi a mensagem na tarde do dia 19/10/10 num momento em que ele se encontrava relativamente bem, foi para o hospital porque estava um pouco fraco, desde então seu quadro clínico só piorou, foi encaminhado para a UTI na manhã do dia 23/10/10. Como seu quadro se encontrava estável após a drenagem que fizeram em seu pulmão foi encaminhado para o quarto no dia 28/10/10, passei a noite do dia 28 para o dia 29 com ele, nunca presenciei tanto sofrimento em toda a minha vida. No dia 29 bem cedo devido ao quadro em que ele se encontrava foi encaminhado para a semi-UTI e veio a falecer no dia 30/10/10 às 15:50 hs.

Meu tio sempre foi uma pessoa reservada, sofreu muito desde a infância e levou sua vida de forma solitária, acredito que não confiava muito nas pessoas, foi para Campinas quando tinha 18 anos e lá ficou durante mais de 40 anos. Nesses últimos anos quando tive mais contato com ele percebi que ele havia "adotado" minha família como sendo dele. Foram muitos anos de idas e vindas a médicos, hemodialise e hospitais que principalmente minha mãe o acompanhou. Neste último ano é que eu tive uma participação mais ativa nos cuidados com a saúde dele, já que o câncer foi diagnosticado e eu passei a viajar com ele para Barretos e Jales. Durante essas viagens percebi que ele estava feliz, não pela situação em que ele se encontrava, mas por perceber que existiam pessoas que o amavam e que queriam o seu bem.


Mesmo com todas as dores, as cirurgias, a hemodialise, o cansaço, a anemia profunda, o câncer, a pneumonia, o derrame pleural (água no pulmão), a falta de ar entre outras complicações, ele aguentou firme até o fim, ele nunca fez uma reclamação para ninguém, nunca se queixou de nada e aguentava calado tudo o que vivia.


Essa última noite que passei com ele foi muito triste, é impossível encontrar palavras que descrevam aquela situação, horas e horas de dor, falta de ar e completa consciência de tudo o que estava acontecendo. Não sei se um dia vou conseguir transcrever aquela experiência que passei com ele, existem coisas que só somos capazes de entender quando vivenciamos.

Quando recebi a noticia de seu falecimento foi um misto de dor e alívio, dor por saber que não poderia mais conviver com ele, mas ao mesmo tempo alívio por aquele sofrimento aguniante ter acabado, e por saber que o plano espiritual estava presente intermediando tudo.


A Saudade vai continuar, mas todo o aprendizado que ele me proporcionou vai dar bons frutos e em minhas orações o tio Jorge sempre vai estar...


Paz