Com maior freqüência da esperada, em casa, no trabalho e na rua, enfrentamos situações que nos resultam complexas de manejar.
Pedir um aumento de salário, acabar com uma relação, despedir um empregado, enfrentar-se à falta de respeito, pedir desculpas, dizer para seu vizinho que não suporta mais o latido de seu cachorro, podem ser exemplos de assuntos que resultam difíceis de serem tratados.
Sentimo-nos vulneráveis, expostos, nos questionamos sobre o quê vão pensar as pessoas de nós, etc.
Como se isso não bastasse, a pessoa com quem temos que falar, pode acrescentar mais alguma dificuldade, principalmente se é uma pessoa que queremos, respeitamos e/ou da que dependemos hierarquicamente.Essas situações aumentam nossos níveis de ansiedade, provocam medos e fazem com que passemos noites inteiras acordados pensando o que fazer: devo ou não dizer o que tenho que dizer?
Antes de ter uma conversa difícil com o outro, primeiro a temos com nos mesmos. A partir dessa pergunta, começamos a ensaiar diferentes cenários em nossa mente com um realismo quase surpreendente.
O que começa com uma dúvida, acaba com outra dúvida ... e depois quê? o que vai acontecer?
As conversas difíceis nos enfrentam a um dilema que não tem resposta fácil.
A conveniência e o momento indicado de manter uma conversa tão difícil para nós, vai ser variável dependendo do caso, vai depender de diferentes fatores que temos que considerar e os resultados são, em geral, uma grande interrogante.
O certo é que as conversas difíceis são parte das nossas vidas e sempre vão ser um desafio.
Algumas delas vai ser melhor evitá-las em prol de um bem maior; outras não vamos ter outra saída mais que afrontá-las.
Nesse caso, o ponto chave é “o como”.
Como fazer para ter uma conversa por mais difícil que ela for, sem perder de vista o objetivo e tomar conta ao mesmo tempo da relação? Como fazer para que as emoções estejam a nosso favor e não contra nós? Como fazer para acabar uma conversa difícil com a sensação de uma auto-estima melhorada, com o respeito por nós e pelo outro incólume?
Como fazer para estar cada vez mais confiantes de poder manejar de forma assertiva nossas próximas conversas difíceis?
Como fazer para que nossas conversas difíceis sejam cada vez menos difíceis?
O modelo desenvolvido por nossos amigos e colegas Bruce Patton, Doug Stone e Sheila Heen (membros do Projeto de Negociação de Harvard) e que no CMI internacional Group e o Centro de Integração e Aplicação das Novas Ciências da Conduta, complementamos com os aportes das mais modernas correntes psicológicas, oferece um marco prático e inovador desenhado para oferecer às pessoas e às organizações novas ferramentas para desenvolver suas habilidades comunicacionais de forma de manejar suas conversas mais difíceis de uma forma efetiva e eficiente e assim transformá-las em conversas produtivas para todas as partes.
Esse modelo salienta que não importa o contexto nem o assunto, as coisas que fazem que as conversas difíceis sejam difíceis, são as mesmas.
Também apresenta a idéia de que todas as conversas difíceis compartilham uma mesma estrutura que chama de: Três em uma.
Para esse modelo cada conversa difícil não é apenas uma conversa mas sim três conversas em uma.
O conflito ocorre em três níveis:
1. A conversa do que foi que aconteceu: tem a ver com a substância, com quem disse o quê, a quem, quando e onde. É nessa conversa na que perdemos a maior parte do tempo em nossas conversas difíceis, concentrando-nos em quem foi o culpado do que aconteceu, tentando adivinhar as intenções do outro quando disse isso ou aquilo, lutando com toda nossa alma e coração por ver quem tem a razão e vendo as coisas desde um ângulo só sem perceber que essa forma de ver as coisas é uma forma de deixar de ver outras.
2. A conversa das emoções: as conversas difíceis, não apenas versam sobre motivos mas também implicam emoções. Sem dúvida alguma, a resolução de um problema é mais simples do que falar das emoções, principalmente em contextos em que a emotividade parece ser incompatível com a racionalidade e a produtividade como no ambiente de trabalho. Mas, quando as emoções são parte central do conflito, tentar deixá-las por fora da conversa resulta impossível; perde-se a essência e a resolução do problema fica demorada.
3. A conversa de identidade: versa sobre o que disse essa conversa de mim. Tem a ver com quem somos, acreditamos ser ou fizeram-nos acreditar que somos. Sempre que uma conversa fica difícil para nós é porque de algum jeito nos atinge de forma significativa, questiona-nos em nosso foro mais íntimo e no processo de uma conversa difícil: a aparição desses questionamentos fazem com que percamos o equilíbrio.
Em cada um desses níveis, fazemos de forma espontânea (automática), o que nos resulta fácil, que, em geral, contribui para que as conversas difíceis sejam mais difíceis do que deveriam, e suas conseqüências, mais daninhas para nossas relações significativas.
Por isso, aprender a manejar nossas conversas difíceis é, sem dúvida alguma, um dever mais do que uma boa idéia.
Psic. Gabriela Decaro
CMI International Group
www.cmiigroup.com
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